É injusto comparar dois dos maiores nomes do tênis.
Até porque, pessoalmente, acho Roger Federer o maior de todos os tempos, além de ver como complementar a trajetória dos protagonistas da maior rivalidade do esporte — Federer só é Federer por causa de Nadal, e Nadal só é Nadal por causa de Federer.
O tênis só é o tênis por causa de ‘Fedal’.
O tricampeonato do espanhol no US Open, no entanto, inevitavelmente deixa uma dúvida no ar: Nadal ainda pode superar Federer no número de conquistas de Grand Slams?
Aos 31 anos, Rafa chega a seu 16° Major na liderança do ranking, em boa forma, com tênis de primeira linha.
Roger, com três títulos a mais (19), também mantém o altíssimo nível, mas a idade (36), além da experiência, implica em selecionar calendário e nem sempre dar conta dos grandes torneios.
Em 2017, por exemplo, o suíço abriu mão do saibro, onde Nadal triunfou pela décima vez em Roland Garros — cenário que pode muito bem se repetir nos próximos anos.
Por outro lado, Federer teve aproveitamento superior ao do rival e venceu dois dos três Grand Slams que disputou: títulos na Austrália e Wimbledon e derrota nas quartas do US Open.
Mesmo número de conquistas de Rafa, que atuou em todos os Majors da temporada, mas saiu campeão “apenas” de Paris e Nova York.
Diante das lesões de Andy Murray, Novak Djokovic e Stan Wawrinka, o circuito segue dominado por Federer e Nadal.
O futuro dos rivais e a ascensão da nova geração serão determinantes, mas, por ora, o que move o mundo do tênis ainda é a disputa entre os dois fenômenos do esporte.
US Open
E, mais uma vez, o terceiro Grand Slam da temporada termina sem ter o clássico ‘Fedal’ — o suíço e o espanhol nunca se enfrentaram no US Open.
O “culpado” da vez foi Juan Martin Del Potro, que encantou o público com vitórias épicas sobre Dominic Thiem e Roger Federer, nas quartas de final.
Contra Nadal, na semi, acabou sofrendo a virada naquela que podemos chamar de final antecipada do torneio.
É irrelevante dizer que Rafa garantiu o título sem pegar nenhum tenista dentro do Top 20, afinal enfrentou um Delpo que, quando motivado e bem fisicamente, atua a nível de Top 5.
Assim foi: na finalíssima contra Kevin Anderson, o espanhol apenas confirmou o que todos já sabiam.
Atuou com firmeza, desfilando no piso sintético um novo estilo de jogo, com bom saque e aproveitamento irreparável na rede.
O ‘novo Rafa’ deu show em Flushing Meadows!
É preciso também exaltar Anderson, que aproveitou o lado enfraquecido de uma chave que perdeu Andy Murray em cima da hora e que contou com o deslize de outros bons concorrentes para ir avançando, avançando…
O sul-africano se sobressaiu e chegou com méritos à decisão, inédita em sua carreira. Mas na final, contra Nadal, número um do mundo, acho que o próprio Kevin sabia que não teria muito o que fazer.
Campeã inédita!
Entre as mulheres, no US Open dominado pelas norte-americanas, a final decepcionou, mas emocionou.
A agressiva Madison Keys perdeu a mão, errou demais, e foi engolida pela amiga e compatriota Sloane Stephens, que, aos 24 anos, coroa uma história magnífica de recuperação.
Após ficar 11 meses parada, entre agosto do ano passado e julho deste ano, por conta de uma lesão no pé-esquerdo, Stephens chegou a ocupar a 957ª posição do ranking em julho, quando iniciou uma reação impressionante, alcançando as semifinais de Toronto e Cincinnati e o seu primeiro título de Grand Slam em Nova York.
Coisas do esporte.
Se faltou emoção no jogo, sobrou no restante!
E o circuito feminino, mais uma vez, mostra toda a sua imprevisibilidade.
Sem Serena Williams, fica difícil cravar uma favorita.
Tudo pode acontecer!