A virada do ano vem cercada de dúvidas em torno do Big 4. Em pré-temporada, Andy Murray, Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer vivem momentos distintos e pretensões bem diferentes para o início de 2017.
Dúvidas e incertezas para 2017
No caso de Federer, por exemplo, a dúvida é sobre qual será a condição do suíço após seis meses afastado do circuito. Seu técnico, o compatriota Severin Luthi, já declarou que seria uma bobagem dizer que Roger pode ganhar o Australian Open (seria mesmo?), mas garantiu o mais importante:
Federer está trabalhando duro e parece estar 100% recuperado dos problemas que o tiraram das quadras após a semifinal de Wimbledon de 2016.
O retorno já tem data confirmada para a primeira semana de 2017, quando Roger jogará a Copa Hopman.
De lá, o suíço segue para o Australian Open.
Seja qual for o estágio físico, técnico e mental de Federer, a expectativa é sempre alta sobre o maior tenista de todos os tempos.
O mesmo pode-se dizer de Rafael Nadal.
O que esperar do espanhol?
Difícil prever diante da irregularidade dos últimos anos, mas é bom demais ver Rafa avançando, retomando a melhor forma.
Além de buscar estabilidade na parte física, o Touro Miúra tentará surpreender técnica e taticamente, expectativa que vem atrelada à chegada de Carlos Moya a seu time técnico.
O trabalho do ex-tenista espanhol com Milos Raonic na última temporada foi de ‘tirar o chapéu’ e a relação com Nadal vem de longa data.
Resta saber como será a divisão de comando com o tio de Rafa, Toni Nadal. Se o ego não falar alto, a tendência é que a parceria dê bastante certo e que Moya traga novas variáveis para o jogo do Touro Miúra.
Em relação a Novak Djokovic, fica a dúvida sobre qual a versão do sérvio que veremos no ano que vem.
O Djoko do primeiro semestre de 2016, que levou o hexa na Austrália e o título inédito em Roland Garros?
Ou o Novak dos últimos seis meses, que perdeu a liderança do ranking para Andy Murray e não conseguiu manter o mesmo nível de atuação?
A dúvida aumenta ainda mais com o rompimento entre o sérvio e o treinador alemão Boris Becker. Será um Djoko ‘paz e amor’ inspirado no guru espiritual Pepe Imaz (que supostamente seria um dos motivos da saída de Becker)?
Será o tenista cirúrgico que dominou o circuito recentemente? Ou uma mistura entre os dois? Veremos.
Uma boa pré-temporada com a retomada do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional pode ser a fórmula ideal para Djoko voltar a brigar pelo topo. Outro detalhe importante é que Nole terá o parceiro de longa data, o eslovaco Marian Vajda, como principal técnico novamente.
Enquanto isso, Andy Murray não mexe no time que está ganhando e mantém o bom e velho planejamento, repetindo inclusive a tradicional preparação que faz em Miami. O britânico claramente é o melhor do momento e vive o auge da carreira. Resta saber como vai lidar com a pressão de ser o número 1 do mundo — ainda mais em Melbourne, onde já bateu na trave cinco vezes.
A primeira experiência como líder do ranking, no Finals de Londres, Andy tirou de letra ao ser campeão diante da própria torcida.
Agora, é hora de sair da fila no primeiro Grand Slam da temporada!
Desabafo de Serena
Quem também trabalha firme na pré-temporada é a norte-americana Serena Williams. Mas foi fora das quadras que a dona de 22 Grand Slams e atual número 2 do mundo roubou a cena recentemente.
Em uma entrevista que concedeu ao programa “The Undefeated In-Depth, da ESPN, Serena desabafou sobre a questão do gênero e do machismo.
“Estou certa de que se eu fosse um homem, seria considerada a maior atleta de todos os tempos há pelo menos seis anos”.
E ainda revelou ter tido problemas de autoestima devido aos comentários sobre o seu corpo.
“Meu corpo é diferente do corpo de muitas mulheres e não segue os padrões atuais de beleza, é voluptuoso. Mas ele me permitiu jogar meu jogo e ser o que sou. Não pretendo agradar a todo mundo”.
Serena também falou sobre o racismo, lembrando de quando ela e sua irmã, Venus, foram vítimas de preconceito por parte da própria torcida americana no Masters 1000 de Indian Wells de 2001.
Ter alguém com a representatividade da ex-número 1 falando sobre temas ainda polêmicos no mundo atual é algo de valor imensurável. A ‘negra’ e ‘voluptuosa’ Serena exige respeito.
Assim como qualquer outra mulher ou ser humano, ela vai além de padrões, estereótipos ou adjetivos — indevidamente colocados na maioria dos casos.
É completa dentro e fora da quadra.
O salto de Carol Meligeni
Dois títulos em três semanas.
Para quem nunca havia conquistado um torneio de simples na carreira, Carolina Alves Meligeni brilhou nessa reta final de temporada e deu um salto necessário para seguir em frente na sempre tortuosa fase de transição para o profissional.
Nesta segunda-feira, a campineira levou o caneco no saibro tunisiano de Hammamet, competição com premiação de US$ 10 mil, ao superar a bósnia Jelena Simic na finalíssima.
Carol encerra 2016 da melhor forma possível, com dois títulos de simples e o melhor ranking da carreira — deverá aparecer entre as 460 melhores do mundo.
Como já disse aqui, tive a oportunidade de conhecer Carol Alves e ver o quanto essa jovem de 20 anos trabalha.
A luta continua, com motivação de sobra para seguir adiante em 2017.