Juan Martin Del Potro é símbolo nítido de superação. Após longo período afastado e graves problemas no punho esquerdo, o argentino voltou ao esporte readaptado: se reinventou física e tecnicamente e criou condições para fazer o que faz como ninguém: colocar o coração na quadra — neste quesito, ouso dizer que Delpo é o número 1 do mundo e na Copa Davis.
O coração voltou a bater forte neste final de semana histórico para a Argentina, na:
Copa Davis
Após lágrimas derrubadas na campanha da prata nos Jogos Olímpicos do Rio e até mesmo no retorno em alto nível ao US Open, onde brilhou há 7 anos, a redenção de Juan Martin Del Potro estava guardada não só pra ele, mas para um país apaixonado e apaixonante quando o assunto é tênis.
O que dizer da final da Copa Davis? Espetacular.
O jogo ‘4’ resume bem o que foi. Aliás, daria um bom roteiro de filme: Arena Zagreb lotada de croatas e argentinos fanáticos.
Marin Cilic e Del Potro em cena. Croácia com vantagem de 2 a 1 no placar geral após a vitória nas duplas um dia antes.
Dois desfechos possíveis: triunfo de Cilic e título dos europeus ou vitória de Delpo e decisão estendida para o quinto jogo. Contexto, no mínimo, interessante.
O croata começou impecável e fez tudo certo: abriu dois sets a zero, controlou o jogo, manteve o nível de atuação.
Mas do outro lado tinha Del Potro, que, empurrado pela eufórica torcida argentina (incluindo Diego Maradona), tirou forças sabe-se lá de onde e virou a partida de maneira impressionante: três sets a dois em quase 5 horas de duração.
Superação de quem começou a temporada abaixo do Top 1000 e termina abaixo do Top 40.
Federico Delbonis, no jogo seguinte, garantiu o título ao vencer o grandalhão e já desgastado Ivo Karlovic, para festa dos nossos hermanos em Zagreb. Bonito de ver.
Mais bonito ainda é ver a consagração merecida de um país que já fez muito pelo tênis, promoveu a chegada de inúmeras gerações vitoriosas, mas que bateu na trave por quatro vezes na Copa Davis (1981, 2006, 2008 e 2011), duas delas com a presença do tal Juan Martin Del Potro.
Após lesões, carreira interrompida, problemas com a federação e até mesmo com membros da equipe, Delpo chega à redenção em sintonia com companheiros, ovacionado pela própria torcida e com protagonismo fundamental no primeiro título de um país sul-americano na história do torneio.
Verdade seja dita, nada no mundo do tênis combina tanto com a Copa Davis quanto a Argentina.
Brasil no Top 100
Com o fim da Copa Davis, o ranking desta segunda-feira ‘encerra’ oficialmente a temporada com três brasileiros no Top 100: o paulista Thomaz Bellucci, que ocupa a 61ª posição, o cearense Thiago Monteiro, atual 82º colocado, e Rogério Dutra Silva, que se manteve entre os cem melhores (98º), feito que o deixa bem próximo de entrar na chave principal do Australian Open, primeiro Grand Slam de 2017.
Olho no paulista!
Enquanto isso, no juvenil, o destaque vai para o paulista de 17 anos, Gabriel Décamps, que viveu uma semana irretocável no saibro mexicano de Mérida.
O título da Yucatan Cup, torneio ITF G1 no circuito mundial juvenil, foi confirmado após uma campanha marcada por vitórias sobre dois favoritos: o israelense Yshai Oliel, vice-campeão do torneio, e o sérvio Miomir Kecmanovic, número 1 do ranking juvenil, derrotado pelo brasileiro nas quartas de final.
Resultados e título que dão moral, ainda mais no sempre tortuoso período de transição da vida do tenista. Décamps, que é pupilo de William Kyriakos, chega agora ao Top 30 juvenil, melhor ranking da carreira, e, assim como todo jovem talento, merece um olhar especial. Aos 17 anos, suporte e atenção são sempre bem-vindos!