O clima de saudosismo vai encantando o primeiro Grand Slam da temporada. Para o delírio dos fãs, o Australian Open retrô será de finais épicas, históricas, envolvendo as grandes rivalidades do tênis masculino e feminino.
No torneio que tinha Andy Murray, Novak Djokovic e Angelique Kerber, as decisões serão protagonizadas por Roger Federer, Rafael Nadal e pelas irmãs Serena e Venus Williams.
Federer x Nadal
Contestados pela parte física, Federer e Nadal entraram no torneio como, respectivamente, 17º e 9º cabeças de chave.
Briga por título?
Pouco se cogitava.
Hoje, o Leão da Montanha e o Touro Miúra surpreendem o mundo ao chegar à final do primeiro Grand Slam da temporada.
E mais: jogando o fino do tênis, como nos velhos tempos.
Dão aos fãs do esporte o maior e melhor presente que poderia existir, envolvendo a maior e melhor rivalidade que poderia existir — e ainda bem que existe!
Roger Federer e Rafael Nadal já se enfrentaram 34 vezes, com 23 vitórias do espanhol e 11 do suíço. Em Grand Slam, Rafa também lidera com folga o retrospecto: 9 a 2, sendo seis triunfos em finais — uma na Austrália, uma em Wimbledon e quatro em Roland Garros — a última final de Major que disputaram foi em Paris 2011.
Já Roger levou a melhor nas decisões de Wimbledon 2006 e 2007. O suíço, incomodado com a chegada de um outro fenômeno, se reinventou por causa do espanhol.
O espanhol, cinco anos mais novo, se inventou por causa do suíço.
Os números representam muito, mas não são capazes de traduzir a grandeza de dois caras que são mais do que rivais. São exemplos de seres humanos, de conduta, de trabalho, de respeito e de cumplicidade, o que agiganta ainda mais a rivalidade.
Federer só é Federer por causa de Nadal. Nadal só é Nadal por causa de Federer.
Impossível não falar da semifinal épica entre Rafa e Grigor Dimitrov.
Sempre critiquei o búlgaro, que tem talento demais e resultado de menos. Mas 2017 parece ser o ano do Dimitrov que esperamos há tanto tempo — o mesmo que recebeu o apelido de Baby Federer nos tempos de juvenil.
Durante quase cinco horas, foi bonito ver a luta, a concentração, a coragem, a postura e a personalidade de Grigor. Uma atuação que valorizou ainda mais a vitória incrível de Nadal.
O Touro Miúra foi gigante na hora que mais precisou e chega com méritos à finalíssima em Melbourne. Nadal é como Federer: difícil escrever alguma coisa a respeito de quem ultrapassa os limites humanos.
Roger, por sua vez, chega à final despachando três top 10 e superando o compatriota Stan Wawrinka na semi — em duelo que também foi definido em cinco sets.
A última final de Grand Slam que o suíço disputou foi no US Open 2015. Já Nadal jogou sua última decisão de Major em Roland Garros 2014.
Neste domingo, dois ‘extraterrestres’ estarão em quadra na Rod Laver Arena. Quem leva? É preciso ser de outro planeta pra saber.
Irmãs Williams
Oito anos depois, as irmãs Williams voltam a se enfrentar em uma final de Major.
O último encontro entre Serena e Venus foi em Wimbledon 2009, quando a caçula (Serena) levou a melhor.
As duas, aliás, já duelaram 15 vezes em Grand Slam, rivalidade que fica atrás apenas do clássico entre Martina Navratilova e Chris Evert, que se enfrentaram em 22 ocasiões.
No retrospecto geral, Serena e Venus tiveram 27 embates, com 16 vitórias da irmã mais nova e 11 da mais velha.
Serena, de 35 anos, tem 22 canecos de Grand Slam. Venus, de 36, tem sete conquistas.
A final do Australian Open 2003, que terminou com vitória da caçula, se repete 14 anos depois, com duas das principais jogadores da história do tênis em momentos distintos: Serena buscando retomar o topo do ranking e a veterana Venus tentando reconquistar um Slam que não vem desde Wimbledon 2008.
Quer mais?
As irmãs Williams são as únicas tenistas da atualidade a terem feito final em simples em todos os Grand Slam — e de forma consecutiva: Roland Garros, Wimbledon e US Open 2002 e Australian Open 2003. É bonito de ver! Que família!
Irmãos Bryan
O Australian Open ‘retrô’ prevaleceu até mesmo na chave de duplas, com o retorno dos irmãos americanos Mike e Bob Bryan a uma final de Major — a última que disputaram foi em Roland Garros 2016.
A parceria de maior sucesso da história do tênis, com 112 títulos — 16 Grand Slam — , enfrentará o finlandês Henri Kontinen e o australiano John Peersbusca na final, buscando quebrar um jejum de títulos em Slam que prevalece desde o US Open 2014.
Que família!