O jogo final da temporada não poderia ser mais emblemático. A decisão entre Andy Murray e Novak Djokovic, valendo o título do Finals e a liderança do ranking, foi o melhor desfecho possível para um 2016 protagonizado ora pelo britânico, ora pelo sérvio.
É claro que ainda teremos uma decisão promissora de Copa Davis entre Croácia e Argentina, mas o duelo do último domingo, entre Andy Murray e Novak Djokovic na moderna O2 Arena de Londres, foi o embate entre os dois que jogaram tênis de número 1 ao longo do ano.
O primeiro semestre foi de Djoko, que, entre várias conquistas, foi campeão na Austrália e em Paris — ambos os casos com vitórias sobre Murray na final.
O título inédito em Roland Garros e a hegemonia no topo do circuito, porém, parecem ter ‘relaxado’ o até então líder inquestionável do ranking, que, aos poucos, caiu de rendimento.
Falta de motivação? Problemas físicos? Questões pessoais?
Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas o que se viu foi um Novak abrindo mão de ‘calendário’ e ficando aquém do que vinha apresentando.
Murray, no paralelo, foi crescendo, crescendo… Os bicampeonatos de Wimbledon e dos Jogos Olímpicos, somados a uma sequência impressionante entre outubro e novembro — Pequim, Xangai, Viena e Paris — trouxeram confiança e uma consequência que nem ele imaginava na atual temporada: a liderança.
Duelo entre Andy Murray e Novak Djokovic
O fato é que Andy, no duelo ” Andy Murray e Novak Djokovic” chegou a um nível de consistência que impressiona — até mesmo diante do tenista mais consistente dos últimos tempos. Defende, contra-ataca, corre, vibra… Como joga!
No domingo, um dia depois de uma semifinal desgastante frente a Milos Raonic, o britânico não deu chances a Djokovic, levou o título do Finals pela primeira vez na carreira e conquistou o mundo — mesmo entrando em quadra com um retrospecto de 24 derrotas e apenas 10 vitórias contra Nole.
A consagração não poderia ser em outro lugar e contra outro adversário: Londres, o palco de feitos históricos de Murray — Wimbledon, Olimpíada e Copa Davis —, e Novak Djokovic, a maior sombra do britânico nos últimos anos.
Com trabalho e perseverança, Andy atingiu um patamar técnico, físico e mental que, hoje, é superior ao do sérvio e ao de qualquer outro oponente. Não é à toa que já são 24 jogos de invencibilidade.
Murray como o melhor tenista do mundo é sinônimo de justiça.
Número 1 para Bruno Soares e Jamie Murray
Nas duplas, a lamentação fica por conta da eliminação de Bruno Soares e Jamie Murray na semifinal do Finals. Apesar da derrota para o sul-africano Raven Klaassen e o norte-americano Rajeev Ram, o brasileiro e o britânico encerram a temporada como a melhor dupla do ranking — aliás, que temporada!
Nada mais justo para quem levou dois Grand Slams (Australian Open e US Open) e o ATP de Sydney — além dos vices nos Masters de Monte Carlo e Toronto.
Um título em Londres coroaria Bruno como líder, também, do ranking individual dos duplistas, mas não foi dessa vez. A luta e a carreira brilhante do mineiro continuam em 2017.
Algozes de Bruno Soares e Jamie Murray, Klaassen e Ram perderam na finalíssima para a dupla formada pelo finlandês Henri Kontinen e o australiano John Peers.
Com a ‘queda’ de rendimento natural dos irmãos Mike e Bob Bryan nos últimos anos, é curioso a forma como o circuito de duplas se abriu. A emoção tomou conta!
Homenagens
O ATP Finals merece aplausos não só por reunir os oito melhores tenistas da temporada, mas por reconhecer aqueles que fizeram história em outros tempos.
A edição atual do torneio, que teve os grupos nomeados como Ivan Lendl e John McEnroe, levou à Londres, também, outros tenistas que fizeram história na década de 80 e que participaram do ATP World Tour Finals.
Entre eles, dois brasileiros: Carlos Kirmayr e Cássio Motta, que chegaram a ocupar o posto de quinta melhor dupla do planeta e que, em 1983, tornaram-se os primeiros brasileiros a participarem do Masters.
Naquele ano, a competição era disputada em Nova York.
Mais um motivo de orgulho para o tênis brasileiro e mundial. Ao receber nomes do passado e do presente, a moderníssima O2 Arena reuniu parte do que podemos chamar de ‘nata’ da modalidade.
Mais uma bola dentro de uma organização que dispensa comentários.
Jonas Campos – jornalista especializado em tênis e autor do blog Raquetada, no site GazetaEsportiva.com